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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

http://solidariedadeadelubio.com arrecada mais de R$ 1 milhão

SOLIDARIEDADE E GRATIDÃO
Expressamos o nosso profundo agradecimento às companheiras e companheiros, amigos de todo o território nacional, que ao longo do exíguo prazo de oito dias se solidarizaram a um companheiro da correção, lealdade e integridade pessoal de Delúbio Soares.

Todo nosso trabalho - realizado nas redes sociais, entre os militantes petistas e de partidos de esquerda, movimentos sindical e popular, além dos amigos e amigas de Delúbio pelo país afora – foi embalado por uma questão política absolutamente clara: solidariedade e apoio aos que foram alvos de um julgamento político, midiático e de exceção. Julgamento onde houve uma tentativa de criminalização do projeto representado pelo PT, negando-lhe o papel histórico de profundas transformações sociais.

Nossa campanha de arrecadação foi um ato político, consciente e solidário. E o amplo êxito alcançado com a coleta de expressivos R$ 1.013.657,26, é a reafirmação de nossa solidariedade a um dos companheiros.
Ao expressarmos imensa gratidão aos milhares de doadores, muitos inclusive sem filiação partidária e movidos apenas pela indignação e o sentimento de solidariedade, convocamos para as novas jornadas em favor de José Dirceu e João Paulo Cunha. E o valor excedente de nossa campanha, descontados os tributos, será doado a esses companheiros, visando o pagamento de suas injustas e exorbitantes multas.
Maria Leonor Poço Jakobsen
OAB nº 170.083/SP
Multa
Valor Arrecadado
R$ 466.888,90
R$ 1.013.657,26

Circuito ABC de MCs

http://farofafa.cartacapital.com.br/2014/01/30/circuito-abc-de-mcs/

Data: 30 jan 2014
 
A noite caía em São Bernardo quando Lucas Felix e Caio LRO subiram no palco do Duet’s Bar, no centro da cidade. No domingo 26 de janeiro, o calor era intenso. Os quatro ventiladores espalhados pela casa de nada adiantavam. Mas, mesmo assim, cerca de 150 pessoas aguardavam ansiosas: em alguns instantes, teria início a decisão da etapa de estreia do 1º Circuito ABC de MCs. O campeão levaria seis camisetas e uma gravação no estúdio de LRO. Por isso, antes da final, LRO concedeu a gravação a Felix, e eles resolveram dividir o restante da premiação.
O circuito foi idealizado e realizado pelo Itinerário RAP – coletivo de MCs organizado por Felipe Correa, Guilherme Genereze, Hugo Jacob e Danilo Corradi –, com apoio das organizações das batalhas da Matrix (São Bernardo), da Viela (Santo André), das Pistas (Mauá) e da Central (Diadema). As cidades compõem o ABC paulista, berço do sindicalismo brasileiro. Os 16 MCs que mais vencessem as batalhas garantirão vaga para o circuito. Serão 12 etapas ao longo do ano – uma por mês. Santo André será sede da segunda, seguida por Mauá e Diadema. Esta sequência se repetirá por mais duas vezes.
Quando o MC ganha uma batalha classificatória, garante a vaga no circuito e um ponto no ranking. Se vencer outra batalha, o vice-campeão se classifica para o circuito, sem pontuar. Já nas etapas do circuito, o campeão acumula cinco pontos e o vice, três. Quem tiver mais pontos até a última etapa do circuito, em dezembro, será considerado o melhor MC do ABC.

Já passava das 9 horas da noite. Os dois rappers que improvisaram as melhores rimas do dia aguardavam ao início da final. À direita, LRO, MC de Mauá que há pouco cantara em show de lançamento de seu EP “Prefácio” – o primeiro álbum do Nadidoiz, composto também pelos rappers Skiter e Piolho. À esquerda estava Felix, integrante do coletivo Alma (Alma Lírica Musical da Alma) e o único paulistano no circuito. O rapper de Ipiranga foi o último a se classificar, ao vencer naquela semana a Batalha das Pistas – que tem LRO como um dos organizadores.
O primeiro round começa. Em 30 segundos, Felix ataca com um vocabulário amplo, pouca repetição de palavras, mostrando que, como se diz quando a batalha é boa, os próximos minutos seriam de sangue. No direito de resposta, LRO respondeu à altura. Felipe Correa – ou Neno –, na sequência, pediu para que o público fizesse barulho por ordem de rima. Primeiro, para Felix. Depois, para LRO – para quem os gritos foram mais altos e, com isso, lhe renderam vitória no Round 1.
“LRO terminou…”, introduziu Neno. “LRO começa”, completou o resto da galera. Com mais 30 segundos de improvisação, LRO arrancou barulho com a rima: “Ele quer falar difícil, mas é moleque/ ‘Cê’ quer ser chamado do quê? Professor Pasquale do rap?”. Na resposta, Felix surpreendeu. Variando o ritmo da improvisação – hora pausado, hora acelerado –, tirou ainda mais gritos quando rimou, olhando para o púlico: “Me chamou de professor Pasquale do rap/ E esse aqui também é o Pasquase faz rap”. Felix levou o Round 2.
Com o empate, a final foi definida no Round 3, que tem o estilo chamado “bate-volta” – os rappers improvisam alternadamente, sem pausa; primeiro, fazem quatro rimas; depois, têm direito a outros três ataques com duas rimas por vez. Quando Neno pediu o barulho da galera para definir o campeão, o som foi mais alto para Felix.
Derramamento de sangue
Os 16 MCs proporcionaram batalhas de alto nível, também chamadas de “derramamentos de sangue”. Tanto é que, mesmo em um calor que beirava o insuportável dentro da casa, o público ocupou praticamente o salão inteiro durante as quatro fases (rounds 1 e 2, semi e final).
Kauan (de camiseta laranja) e Caio LRO - Fotos: Gabriel Centurion
Kauan (de camiseta laranja) e Caio LRO – Fotos: Gabriel Centurion
Logo na primeira fase, Kauan e LRO protagonizaram uma das batalhas mais pesadas, decidida no terceiro round, com muito barulho para os dois. O sangue jorrou ainda mais no duelo entre Magrello – que venceu – e Shiru. Daniel MC, organizador da Batalha da Viela e semifinalista da noite, mostrou toda a experiência que acumulou como em rinhas – que inclui 10 vitórias na tradicional Batalha do Santa Cruz.
Também chamaram a atenção as rimas dos rappers do Linha de Frente MCs: Daniell, com raciocínio rápido, explicitava nas respostas o que o rap significa na sua vida; Jorge Mario fez a galera rir com suas rimas bem-humoradas, ao mesmo tempo em que confirmou sua franca evolução desde que começou a rimar na Batalha da Matrix.
O domingo ainda contou com show do MR-13, formado por Lucas do Vale (MC Vale), Guilherme Genezere (MC Genésio), e Diogo de Britto (MC Rato) – os três também integram a organização da Batalha da Matrix. Eles cantaram músicas pesadas da sua primeira mixtape, “Antes de Mais Nada”, como Manicômio Madruga, Soco na Barriga e Crocodilo. Na sequência, os rappers do Nadidoiz cantaram as faixas mais pesadas do recém-lançado EP “Prefácio”.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

HEROIS DA CONVERSINHA

Joaquim Barbosa deve a Ação Penal 470 a conversinha de um réu, Roberto Jefferson

Paulo Moreira Leite  (Istoé)

As afirmações mais recentes de Joaquim Barbosa merecem dois reparos.
Referindo-se a entrevista de João Paulo Cunha, o presidente do STF disse que não costuma ficar de “ conversinha com réus.”
Em outro comentário, reclamou com os jornais que tratam os condenados da Ação Penal 470 como se fosse heróis, quando o lugar dos condenados deveria ser o ostracismo, que é parte da pena.
Começando pela “ conversinha com réus.” Joaquim Barbosa está sendo injusto. A principal testemunha da ação penal 470 é Roberto Jefferson.
Para empregar a liguagem de Joaquim, ele mostrou uma típica conversinha de réu, como notou o revisor Ricardo Lewandovski.
Pense no que seria o julgamento da AP 470 sem a “conversinha” do então presidente do PTB.
Pense na ideia de “ compra de votos".
Na voz de barítono gritando “ sai daí, Zé...sai.”
Pense na teoria do domínio do fato. Que nome dar a isso? Jurisprudência?
Ou é uma conversinha, uma reunião de indícios e personagens?
 Cadê as provas?
Comprometido pelo depoimento de um protegido nos Correios tão escancarado na captação de dinheiro alheio que foi capaz de embolsar R$ 3 000 de uma pessoa que nem conhecia, o réu Jefferson contra atacou de “mensalão.”
Pura conversinha.
Não deu provas. Mas a “ conversinha” de Jefferson, tão fraquinha que ele próprio entraria em contradição em outros depoimentos, chegando a dizer que mensalão era criação mental, acabou fazendo um tremendo sucesso.
Mas a conversinha de Jefferson era uma narrativa sob medida para uma denúncia que tinha provas fracas mas queria a penas fortes.
Olha só: foi na base dessa conversinha que o Ministério Público, o relator Joaquim Barbosa e tantos ministros falaram em “ compra de votos” embora não tenha surgido o nome de um único parlamentar vendido nem de um único projeto comprado.
E assim acabamos diante do “ maior escândalo de corrupção da história”
Eta conversinha boa, não?
No puro gogó Jefferson teve a pena reduzida pelos serviços prestados, embora não tenha revelado sequer o que fez com R$ 4 milhões que recebeu do esquema. O que se agradeceu? A conversinha.
Jefferson não foi conduzido a prisão em avião no 15 de novembro, embora outro condenado, em condições análogas, tenha sido embarcado e algemado – sem que nenhum médico tivesse feito uma avaliação adequada.
Deve ter sido para não estragar a conversinha de Jefferson que nada menos que 78 volumes do inquérito 2474 foram deixados de lado no julgamento. Provas, fatos, testemunhos e sabe-se mais o que foram ignorados – para não fazer ruído ou quem sabe para não atrasar um julgamento que muita gente achava indispensável que fosse realizado no ano eleitoral de 2012.
Sabemos hoje que nem a acusação contra Henrique Pizzolato, apontado e condenado como “ único responsável “ pelo desvio de R$ 73,8 milhões do Fundo Visanet, resiste aos documentos armazenados sem conversinha.
Prova-se que Pizzolato não agiu nem poderia ter agido sozinho. Sequer era o responsável pelos pagamentos.
No mínimo, teria de ser julgado como co-réu. Mas isso, claro, estragaria a conversinha da acusação, não é mesmo?
Da mesma forma, o relatório do delegado Luiz Fernando Zampronha...
Entende-se, portanto, porque o presidente do STF não quer saber de conversinha de réu.
Mas não se entende por que ele questiona a atenção que os jornais e revistas têm dado aos condenados da ação penal. É uma atenção modesta e especialmente tardia.
Os réus deveriam ter sido ouvidos antes do julgamento, quando poderiam explicar-se, dar argumentos, contrariar o que a acusação dizia. Numa cobertura tendenciosa e até facciosa, como reconhecem mestres do jornalismo, os meios de comunicação preferiram retirar seu direito ao contraditório ou, como se diz no jornalismo, ao outro lado.
Dar a palavra aos condenados, hoje, é uma obrigação. A população tem o direito de saber o que têm a dizer.
Embora a legislação reserve ao juiz da Vara de Execução Penal o direito de autorizar ou vetar entrevistas de condenados, é bom não confundir as coisas.
Ao proibir entrevistas, o que se faz é censurar a liberdade de expressão. Salvo casos que colocam a segurança dos condenados em risco, não vejo justificativa razoável.
Por que a proibição?
Medo da conversinha?
Joaquim disse:
"Eu tenho algo a dizer: eu acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena. No Brasil, estamos assistindo à glorificação de pessoas condenadas por corrupção à medida em que os jornais abrem suas páginas a essas pessoas como se fossem verdadeiros heróis".
É curioso o presidente do STF achar que não possam existir heróis entre os condenados da ação penal 470.
Heróis são personagens históricos, reconhecidos, em última análise, pelo povo de um país. Estão além dos tribunais, dos governos, dos homens de fortuna. .
Um tribunal pode ou não mandar prendê-los. Pode dizer que são criminosos de alta periculosidade. Podia, no passado, até aplicar penas de banimento.
Mas não pode decidir seu lugar na memória de um país. Nelson Mandela enfrentou 25 anos de cadeia antes de se tornar o principal herói africano. Passou 20 como criminoso e terrorista.
Foi alvo de ataques permanentes da elite de seu país e também das potencias internacionais, lideradas por Ronald Reagan e Margareth Thatcher, interessadas na manutenção do apartheid. Nos primeiros diálogos com Mandela, uma comitiva de Thatcher concluiu que, “infelizmente, ele não aprendeu nada após ficar duas décadas na prisão”. Pois é. Eles achavam que a cadeia deveria reeducar.
Um tribunal não pode negar ao povo de um país a última palavra sobre homens e mulheres que fizeram sua história.
José Genoíno foi tratado como criminoso pelos tribunais da ditadura, aqueles que não tiveram dignidade para investigar suas denúncias de tortura. Saiu da prisão como herói.
José Dirceu ficou um ano preso sem julgamento porque, sem prova nenhuma para acusá-lo, a Justiça Militar temia que fosse obrigada a declarar sua inocência e não marcava julgamento. Voltou do exílio para receber homenagens, reunir multidões, liderar.
Condenados pela ação penal 470, ninguém sabe o destino que terão.
No final do século XIX, na França, o capitão Alfred Dreyfus foi condenado por alta traição num julgamento de 72 horas. Quando acharam que era pouco, seus juízes decidiram que ficasse preso a ferros, nos pulsos e nos tornozelos, sob o sol da Ilha do Diabo. Era tortura, ainda que, na época, chamassem isso de castigo.
Bastaram dois anos e alguns personagens decentes para que sua inocência ficasse demonstrada.
Mas foram necessários dez anos para que, por decisão presidencial, ele fosse colocado em liberdade.
Dreyfus não era um herói. Mas tornou-se um símbolo da resistência dos franceses contra o antissemitismo, a favor da democracia e da separação da Igreja e do Estado.
Dirceu, Genoino, serão heróis? Símbolos?
Não sei. Ninguém sabe.
Não há hipótese, no entanto, de que venham a cair no ostracismo, como deseja Joaquim Barbosa. Isso não se resolve por decreto.
Ele pode proibir entrevistas, pode pressionar os jornais. Quando Genoino era torturado, eles prestavam serviços de todo tipo à repressão.
Veiculavam histórias forjadas, sob medida para acobertar assassinatos. Ajudaram o golpe militar.
Nós sabemos que nunca faltarão covardes para abaixar a cabeça diante de uma voz autoritária.
Mas o lugar dos homens e mulheres que souberam ligar-se a história de um povo está assegurado e ninguém vai apagar isso. Nem muita conversinha.
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE

Assim caminha a impunidade



Meio na surdina, como convém a processos do alto tucanato, a Justiça livrou mais um envolvido no chamado mensalão mineiro. O ex-ministro e ex-vice-governador Walfrido dos Mares Guia safou-se da acusação de peculato e formação de quadrilha, graças ao artifício de prescrição de crimes quando o réu completa 70 anos. Já se dá como praticamente certa a absolvição, em breve, de outro réu no escândalo. Trata-se de Cláudio Mourão, ex-tesoureiro da campanha do PSDB ao governo mineiro em 1998. Ao fazer 70 anos em abril, Mourão terá direito ao mesmo benefício invocado por Mares Guia.
Vários pesos, várias medidas. Enquanto o chamado mensalão petista foi julgado com celeridade (considerado o padrão nacional) e na mesma, e única, instância suprema, o processo dos tucanos recebe tratamento bastante diferente. Doze anos (isso mesmo, doze!) separam a ocorrência do desvio de dinheiro para o caixa da campanha de Eduardo Azeredo (1998) da aceitação da denúncia (2010). Com o processo desmembrado em várias instâncias, os réus vêm sendo bafejados pelo turbilhão de recursos judiciais.
Daí para novas prescrições de penas ou protelações intermináveis, é questão de tempo. Isso sem falar de situações curiosas. O publicitário Marcos Valério, considerado o operador da maracutaia em Minas, já foi condenado pelo mensalão petista. Permanece, contudo, apenas como réu no processo de Azeredo, embora os fatos que embasaram as denúncias contra o PSDB mineiro tenham acontecido muito antes.
Se na Justiça mineira o processo caminha a passo de cágado, no Supremo a situação não é muito animadora. A ação contra Azeredo chegou ao STF em 2003. Está parada até agora. Diz-se que o novo relator, o ministro Barroso, pretende acelerar os trabalhos para que o plenário examine o assunto ainda este ano. Algo a conferir.
Certo mesmo é o contraste gritante no tratamento destinado a casos similares. Em todos os sentidos. Tome-se o barulho em torno de um suposto telefonema do ex-ministro José Dirceu de dentro da cadeia. Poucos condenam o abuso de manter encarcerado um preso com direito a regime semiaberto. Isso parece não interessar. Importa sim reabrir uma investigação sobre uso de celular, que aliás já havia sido arquivada. Resultado: com a nova decisão, por pelo menos mais um mês Dirceu perde o direito de trabalhar fora da Papuda.
Por mais que se queira, é muito difícil falar de imparcialidade diante de tais fatos, que não são os únicos. As denúncias relativas à roubalheira envolvendo trens, metrô e correlatos, perpetrada em sucessivos governos do PSDB, continuam a salvo de uma investigação séria. Isso apesar da farta documentação colocada à disposição do público nas últimas semanas. Vê-se apenas o jogo de empurra e muita, muita encenação. Alguém sabe, por exemplo, que fim levou a comissão criada pelo governo de São Paulo para supostamente investigar os crimes? Silêncio ensurdecedor. Mesmo assim, cabe manter alguma esperança na Justiça -desde que seja a da Suíça.
*
Depois da operação estapafúrdia na cracolândia e dos acontecimentos nas manifestações de sábado, ou o governador Geraldo Alckmin toma alguma providência para disciplinar suas polícias, ou em breve ele terá aquilo que todo governante sempre deveria temer: um cadáver transformado em mártir.
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ricardomelo/2014/01/1403255-assim-caminha-a-impunidade.shtml
ricardo meloRicardo Melo, 58, é jornalista.

domingo, 26 de janeiro de 2014

PANICOPAS (FANATICOS ANTI-COPA) SOU CONTRA

PENSO SER COMPLETAMENTE FORA DE PROPÓSITO ESSA CAMPANHA ANTI COPA NO BRASIL. E POR CONTA DISSO ME PROPONHO A COMBATER AS APRECIAÇÕES NESSE SENTIDO QUE DESPREZAM O BOM SENSO, O AMOR POR NOSSO PAÍS E EM RESUMO O AMOR POR NÓS MESMOS BRASILEIROS.
As manifestações anti Copa marcadas para este sábado 25/01/2014 em todo o país tiveram o seguinte resultado:1.500 em São Paulo (pode ser bem menos), 150 no Rio e 100 em Recife. Esse contingente expressivo (?) de manifestantes garante que não ter Copa no Brasil. (Carta Maior)

Existem bons textos a esse respeito e vou citá-los aqui, da mesma forma que as fontes. Começo com o discurso da Presidente Dilma Roussef em Davos em que defendeu o modelo brasileiro de desenvolvimento brasileiro com inclusão social e termina convidando a todos para a Copa
(...)

Como eu disse até aqui, o Brasil mais que precisa e mais que quer a parceria com o investimento privado nacional e externo. O Brasil convida todos a ela. E, antes de terminar, quero aproveitar e convidar todos vocês para a Copa do Mundo, a Copa das Copas, que nós realizaremos agora em junho no Brasil. E também aproveito e convido para as Olimpíadas em 2016. O Brasil é o país do futebol. Nós amamos futebol e temos certeza que junto com outros países do mundo – eu não ousarei dizer com todos, mas eu quero dizer com a ampla maioria dos países do mundo – nós temos no futebol uma das formas mais importantes de afirmação da paz, mais importantes de afirmação, também, da luta contra os preconceitos, sejam eles quais forem.

Quero dizer aos senhores que nós estamos preparados para essa Copa. Os investimentos que eu relatei aqui são também investimentos para essa Copa, para esse evento, mas são, sobretudo, investimentos, originados da necessidade do país. E quero dizer que estamos de braços abertos pra receber todos os visitantes, de norte a sul e de leste a oeste do meu país.
na íntegra:http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Dilma-defende-modelo-social-brasileiro-em-Davos/4/30081

Em seguida outro texto que discute Como a desinformação alimenta o festival de besteiras ditas contra a Copa do Mundo de Futebol no Brasil.
E os principais argumentos para combater essa idéia Anti Copa
http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Vai-ter-Copa-argumentos-para-enfrentar-quem-torce-contra-o-Brasil/30090

Mais um:http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Copa-e-anti-copa/4/29942

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

DIREITOS PARA TODOS HUMANOS

Pode ser difícil admitir mas atual perversidade dos criminosos começou no Estado .

Por Paulo Moreira Leite (http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/48_PAULO+MOREIRA+LEITE)

As cenas de pavor produzidas na penitenciaria de Pedrinhas, no Maranhão, colocam uma pergunta civilizatória: quem tornou nossos criminosos tão criminosos, tão perversos, mais cruéis do que nossa imaginação seria capaz de adivinhar?
Engana-se quem fala nas condições sócio-economicas. O Brasil está melhorando na última década, em especial para os mais pobres.
Engana-se quem fala que bandido bom é bandido morto, pregando uma escola de violência que não deu certo e nunca dará.
A perversidade do crime brasileiro tem uma origem conhecida que, como símbolo, vou definir por um nome: capitão Ubiratã.
Ele mesmo, o oficial da PM que comandou o massacre do Carandiru, marco histórico da violência do Estado, que deveria zelar pela vida e pelos direitos de toda pessoa que é mantida sob sua guarda. Estou falando de um símbolo, de uma postura, uma ideia – não de uma pessoa física. Você pode colocar outros nomes reais: secretários de Estado, governadores, Ministros... É só escolher.
 
Quem for atrás do degrau atual da criminalidade brasileira irá encontrar um nome: a facção criminosa PCC. E quem for atrás do PCC irá encontrar outro nome: Carandiru.
 
Competente repórter a estudar o assunto, Josmar Jozimo, com passagens respeitáveis pelas editorias de polícia dos principais jornais de São Paulo, escreveu até um livro sobre a facção criminosa. O que importa registrar é o seguinte: o PCC se forma, inicia suas primeiras ações e atos de crueldade – fuzilar diretores de presídio, explodir automóveis, cortar cabeças e assim por diante – como uma resposta ao massacre de Carandiru.
 
Pois é, meus amigos. A lição a ser aprendida é assim: a violência do Estado atingiu um patamar tão baixo, tão grotesco, tão inaceitável, que obrigou os criminosos, individualistas por natureza, dispersos e competitivos por vocação, a se organizar, a criar disciplina e mesmo definir objetivos que são – sim – de natureza política.
Esqueça por um instante o tráfico de drogas, o controle dos presídios, a chantagem sobre as famílias. São motivações econômicas. O que está na origem da facção criminosa, o que dá força a sua liderança, é a capacidade de dar resposta ao Estado. Não tem nada a ver com exemplos de grupos que praticavam a luta armada contra o regime militar.
É selvageria em estado bruto. Olho por olho, dente por dente. Por isso, porque fala a linguagem de Carandiru, Ubiratã, e tantos outros, ela é obedecida e temida.
Quem quiser entender a barbárie atual pode voltar aos textos do professor Antonio Flavio Pierucci, aquele que pesquisou o nascimento de uma classe média conservadora no início da democratização do país – e que se mostrava escandalizada com a política de direitos humanos. Chamava de mordomia todo esforço para melhorar a vida no cárcere, de proibir a tortura e as execuções sumárias. Aplaudia a violência e pedia mais, sempre mais. Comemorava fuzilamentos.
 
Chegamos aonde era fácil ver que iríamos chegar. O tratamento desumano está institucionalizado. As prisões são um inferno tão previsível que é preciso encontrar algo que chama a atenção. Se não fossem as cabeças decepadas, da menina de 6 anos incendiada de forma criminosa, quem estaria falando de Pedrinhas? Alguns advogados que são considerados uns chatos, uns padres que deveriam pensar em coisa melhor...
Os prisioneiros foram rebaixados a animais para serem explorados, cotidianamente, como gado. Sua fome alimenta quem desvia verbas, sua penuria serve a quem faz negocios intermediários. Sem direito a palavra, ao Direito e a outros recursos da civilização, não falam.
Preferem atos repugnantes: machucam, matam, torturam. Olho por olho, dente por dente. Esta é a realidade em que nos encontramos e da qual o país não irá sair sem uma grande mudança. Não precisamos de homens providenciais.
Precisamos de políticas que respeitem nossos valores – para que eles sejam respeitados. Isso implica em cadeias que não sejam hotéis mas também não sejam jaulas nem chiqueiros. Numa justiça capaz de atender o pobre, o sem recurso e sem oportunidade. Isso implica em dinheiro, envolve sacrifício, exige enfrentar aquela parcela influente, rica e profundamente ignorante de cidadãos que não entenderam nada desde que numa aventura parisiense do século XVIII a humanidade aprendeu que todos os homens são iguais – e sem entender isso, fica difícil entender qualquer coisa, ainda mais quando se fala de liberdade, de respeito, direitos.
Se queremos conviver com humanos, não podemos tratar homens e mulheres como animais. Nenhum de nós tem culpa. Mas a responsabilidade, não custa lembrar, é nossa.