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sábado, 2 de julho de 2011

DSK: Quid prodest? (A quem interessa?)

Por Sonia Montenegro

É praxe de investigadores nomearem como principal suspeito aquele que se beneficia com o crime que pretendem elucidar.

Essa patacoada da promotoria norte-americana está, na minha opinião, muito mal explicada. Para justificar a prisão de Strauss-Kahn, a promotoria precisava ter indícios convincentes, condição imprescindível para uma ordem de prisão preventiva.

Um mês e meio depois, chegam à conclusão de que a "tímida camareira", que ao fazer a denúncia nem sabia de que se tratava de uma figura tão importante e que estava muito assustada com a repercussão do fato, era na verdade a grande vilã da trama.

Vá lá que as supostas ligações dela com supostos presidiários, supostos traficantes e supostos lavadores de dinheiro demandariam um tempo maior de averiguação, mas alguns detalhes me deixam com uma pulga atras da orelha:

Acabado o ato libidinoso, DSK se dirige ao aeroporto, para ir para a Alemanha, onde teria um encontro com a chanceler Angela Merkel. Enquanto isso, a suposta vítima foi arrumar um outro quarto (na 2ª versão) ou se esconder (como teria dito anteriormente), para só depois fazer a denúncia ao supervisor do hotel, que supostamente teria chamado a polícia, que a teria ouvido e conseguido em tempo recorde obter uma ordem judicial para a prisão do suspeito. Uma admirável prova de eficiência e isenção. Nos EUA, negros podem derrubar o poderoso diretor do FMI e presidenciável francês.

O Estado norte-americano não é nenhum exemplo de respeito aos direitos humanos, racistas antológicos que são, portanto estranha-me que tenham acreditado na palavra de uma imigrante da Guiné (nem americana era) tão rapidamente, a ponto de ainda prenderem o ex-diretor do FMI dentro do avião.

Agora falam em supostos depósitos nas contas bancárias da "vítima", feitas por um presidiário traficante, mas não explicam as razões que levaram esse presidiário a doar essas altas somas a ela. Ficou faltando...

Uma amiga francesa me disse que não é norma no Sofitel, onde DSK estava hospedado, que uma arrumadeira entre sozinha num quarto. As regras mandam entrar em dupla, certamente para evitar casos desse tipo, num hotel que não tem nenhum interesse em estar envolvido em escândalos e nem perder bons hóspedes.

Quando a mídia colonizada brasileira divulgou o escândalo, o fez de tal forma que não deixava dúvidas: DSK era um estuprador e ponto final. Pobre de quem ousou duvidar...

DSK foi obrigado a renunciar do FMI, mas só divulgaram os indícios da sua inocência, 2 dias depois da nomeação da sua substituta, Christine Lagarde. Foram esse 2 dias definitivos para que chegassem a essa conclusão, ou esperaram o pleito para divulgar?

Lagarde é mais próxima de Sarcozy, sua ex-ministra, e DSK a maior ameaça à sua reeleição. Por mais que ele seja inocentado, os 45 dias de acusação entraram no inconsciente coletivo das pessoas que agora podem achar que ele foi inocentado porque é rico e importante, permanecendo sempre a dúvida que todas as calúnias deixam.

DSK também andou elogiando a forma como o governo brasileiro enfrentou a crise mundial, na contra-mão das regras historicamente impostas pelo FMI, uma declaração inconveniente principalmente diante das crises nas economias da Grécia, Espanha e Portugal.

A arrumadeira agiu sozinha? Foi um lampejo de genialidade, para quem já tinha 3 anos de casa e muitos milionários disponíveis? Foi coincidência que sua vítima fosse logo um homem tão importante?

Valendo as regras da máfia, que não são muito diferentes das adotadas pelas grandes potências mundiais, Sarcozy e UE ficaram em dívida com Obama, que saberá cobrar no momento devido...

Um comentário:

  1. E além de diretor geral do FMI, DSK era candidato à suceder Sarkozy, pelo PS...

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