Abaixo dois artigos importantes de José Dirceu e Amir Khair acerca dos caminhos e opções brasileiras frente a grave situação financeira internacional que tende a continuar se deteriorando
Dívida interna paga 6,2% do PIB em juros
Do Blog do Zé Dirceu
Os dados oficiais sobre o pagamento dos juros da dívida interna, apesar de a relação dívida - PIB ter caído de 40,2% para 39,7% no primeiro semestre deste ano - são alarmantes. Expressam com clareza que nem sempre os dados macro econômicos traduzem a realidade. Um observador descuidado diria que estamos melhorando, já que a relação dívida - PIB caiu, dando maior segurança ao detentor da dívida publica. A realidade, no entanto, é outra.
O país paga o equivalente a 6,2% do PIB de juros da dívida interna. São R$ 119,7 bi. Isso mesmo, o dobro do que o Brasil investe e gasta em educação por ano. Há o agravante de que todo esse recurso é renda, descontada a inflação. Esse volume de recursos está diretamente associado à alta taxa básica dos juros de nossa economia, no caso 12,50% ao ano.
Como o governo emite títulos remunerados pela Selic - pré-fixados e por uma cesta de índices - pagamos uma média um pouco maior do que a Selic. Todo esse dinheiro sai do Orçamento Geral da União, ou seja, dos impostos que pagamos. Ele recai sobre empresas, famílias e cidadãos. LEIA MAIShttp://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=12759&Itemid=2
Dilma deve por o mercado financeiro e o BC a favor da economia e da sociedade, limitando as taxas de juros e tarifas bancárias extorsivas e trazer a Selic ao nível internacional até meados de 2012. O artigo é Amir KhairO país paga o equivalente a 6,2% do PIB de juros da dívida interna. São R$ 119,7 bi. Isso mesmo, o dobro do que o Brasil investe e gasta em educação por ano. Há o agravante de que todo esse recurso é renda, descontada a inflação. Esse volume de recursos está diretamente associado à alta taxa básica dos juros de nossa economia, no caso 12,50% ao ano.
Como o governo emite títulos remunerados pela Selic - pré-fixados e por uma cesta de índices - pagamos uma média um pouco maior do que a Selic. Todo esse dinheiro sai do Orçamento Geral da União, ou seja, dos impostos que pagamos. Ele recai sobre empresas, famílias e cidadãos. LEIA MAIShttp://www.zedirceu.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=12759&Itemid=2
As análises conservadoras atribuem peso excessivo à ameaça da inflação. Como antídoto recai no velho chavão de que o governo está gastando em excesso, o crescimento está elevado demais e que isso obriga o Banco Central (BC) elevar a Selic para conter o excesso da demanda criada pelo governo. É a política do pé no freio da economia para conter a inflação. É sempre a mesma ladainha. O que na realidade querem é que a Selic suba para dar mais lucro financeiro aos que aplicam nos títulos do governo federal.
Isso vem se repetindo há anos e o custo dessa política de taxas de juros elevada atingiu nos últimos doze meses até maio R$ 220 bilhões (5,7% do PIB). Esse custo na média mundial é de 1,8% do PIB.
Essas análises parecem desconhecer que o que está elevando as despesas do governo são os juros e essa elevação é bem superior à própria capacidade do governo em crescer suas despesas.
Assim essas análises são totalmente desprovidas de sentido, mas por serem as mais difundidas pela mídia acabam por iludir a opinião pública para não focar a causa central dos problemas criados pelo BC e pelo mercado financeiro que são as taxas de juros Selic e taxas de juros dos bancos, as mais altas do mundo e que impedem o País de ter os recursos necessários para enfrentar os elevados déficits sociais e de infraestrutura.
Na China a taxa básica de juros equivalente à Selic é de 3% e a taxa de juros ao consumidor de 6% ao ano. Aqui, a taxa de juros média cobrada do consumidor pelos bancos foi de 46,1% em junho, ou seja, oito vezes maior do que a chinesa.
Nos empréstimos do cheque especial entre os maiores bancos em 18 de julho, segundo dados do BC, foi de 167% na Caixa Econômica Federal, 175% no Banco do Brasil, 176% no Itaú e Bradesco e 219% no Santander. Agiotagem em alto grau, inclusive nos bancos oficiais.
O governo tem o poder de limitar essas taxas de juros, mas não enfrenta o mercado financeiro e tem que dar nó em pingo d’água para conduzir a economia dentro dessas distorções que afetam o poder de compra dos consumidores e as empresas que dependem de capital de giro para viabilizarem seus negócios.
Cenário externo
O cenário internacional está em franco processo de deterioração. A dívida dos EUA, mesmo se ampliada pelo Congresso, já arranhou a imagem do país e passou a ser motivo de preocupação para todo o mundo. Os americanos viveram artificialmente um super consumo irrigado a crédito barato e, agora se encontram endividados, tendo que conter a volúpia consumista. Como 70% do PIB dos EUA dependem do consumo, a tendência é de estagnação por vários anos. Para agravar esse quadro, as despesas militares não cabem mais no orçamento americano e, quanto mais tempo permanecerem tentando impor sua hegemonia militar, com tropas espalhadas pelo mundo, pior será.
Na Europa a falta de entendimento entre o Banco Central Europeu (BCE), os governos da Alemanha e França e os bancos privados para tentar contornar a crise grega evidenciou a fragilidade da zona do euro. A tendência é permanecer estagnada a economia por vários anos e com riscos de default da Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Itália, atingindo o sistema bancário dentro e fora da zona.
Estratégia de enfrentamento da crise
Diante deste cenário, o Brasil deve se defender, baseando sua força no desenvolvimento do seu mercado interno e na posição estratégica que tem nas commodities e alimentos que contribuem tanto interna quanto externamente nas exportações.
O governo deve priorizar o abastecimento interno das commodities e alimentos regulando os volumes exportados para que não faltem ao consumo. O que sobrar é que deve ser destinado à exportação.
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